sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Um bom texto do Leo Rosa

 

Usando setores da imprensa nacional, o Ministério Público Federal voltou a ligar as baterias aéreas e jurídicas contra lideranças petista do Acre, como o senador Jorge Viana e o ex-governador Binho Marques.
Os procuradores da República encontraram espaço na mídia para reabastecer o noticiário com a história da compra do helicóptero pelo governo do Estado. Leiaaqui.
A denúncia é que o governo acreano favoreceu a Helibras para adquirir a aeronave. A investigação é legítima. O que não é legitima é a condenação sem julgamento.
Essa história do helicóptero precisa de exemplos.
Toda a frota do governo de São Paulo (mais de 20) foi adquirida na Helibras.
A Helibras tem o governo de Minas Gerais como um dos principais acionistas. 25% das ações pertencem aos mineiros.
São Paulo e Minas Gerais são administrados pelos tucanos. O PSDB caminha para 20 anos no poder do maior Estado do Brasil.
Toda essa implicância com o helicóptero começou quando os procuradores exigiram a retirada da estrela vermelha que adorna a aeronave. O então governador Binho Marques se negou a seguir a recomendação.
Agiu certo. A estrela está na bandeira do Acre criada pelo espanhol Luiz Galvez. É um símbolo de todos os acreanos e não de uma sigla partidária, como querem supor os membros do parquet federal.
É um direito dos procuradores querer explicação sobre a boa aplicação dos recursos públicos. Essa é uma das suas principais atribuições constitucionais.
Atribuição constitucional à parte, não dá para deixar de estranhar a sucessão de ações contra os petistas acreanos.
Fica a impressão de que essas movimentações viraram também uma questão de cunho pessoal.
Os políticos-alvos cometeram erros como qualquer ser humano. É normal que haja muita gente que discorde das suas posições. Isso faz parte da democracia.
São seres humanos como qualquer outro. Cometem erros e acertos.
O que não se pode negar é que essa turma simboliza a mudança positiva operada no Acre nos últimos 12 anos.
Sob comando desse grupo político o Acre saiu da ilegalidade. Deixou de ser manchetes nas páginas policiais para ser destaque como um Estado que faz a boa política com respeito à natureza e ao erário.
É um pessoal que fez uma limpeza no Estado, contribuindo para resgatar a autoestima do povo acreano. Isso jamais pode ser desconsiderado.
O escriba pode estar errado, mas há outras coisas bem mais complexas por traz de toda a história.
Parece que estão querendo jogar os petistas acreanos na vala comum dos políticos, para passar à população local, nacional e mundial que eles são igual aos outros.
Igualando-os ficará mais fácil atingi-los porque não terão mais o escudo sagrado da proteção popular, da ética e da moralidade.
Resta saber até que ponto isso vai ajudar ao Acre.
Foi por mostrar ao país políticos do quilate do Jorge Viana, Marina Silva, Binho Marques e Tião Viana que as portas se abriram para o nosso Estado.
Se pessoas como essas forem igualadas ao que há de pior na política nacional as portas podem se fechar. É certo como dois mais dois são quatro.
O Ministério Público Federal é fundamental como guardião da legalidade, mas também erra.
Em meados da década de 1990, chegou ao Acre o procurador da República Luiz Francisco de Souza Fernandes. Foi fundamental para trazer o Estado à legalidade, quando enfrentou o crime organizado.
Luiz Francisco não teve o mesmo desempenho quando fez acusações infundadas contra o hoje vice-presidente nacional do PSDB, Eduardo Jorge Caldeira.
Foi comprovado que o procurador não estava certo e que fez o uso da imprensa para difundir as suas acusações. Foi punido por isso.
Eduardo Jorge, alias, escreveu o seguinte no livro “Era dos Escândalos”, de Mário Rosa:
“A lógica dos justiceiros, que inicialmente ganham simpatia popular, é executar a tarefa de “limpar a sociedade”, é a mesma que faz representantes da imprensa e do Ministério Público deferirem golpes mortais na honra de um suspeito – ou melhor, daqueles a quem consideram suspeitos – antes que o devido processo legal ou mínino de evidências o tenha incriminado”.

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